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Gabeira ou um fato eleitoral muito novo, para o meu amigo Joca
MARTHA MEDEIROS
Se o Gabeira ganhar
“Sempre fomos amigos, ele é uma pessoa capaz e não pretendo vencer a qualquer preço.” O autor dessa frase é Fernando Gabeira, avisando que não engrossará o tom da campanha para enfrentar Eduardo Paes no segundo turno pela prefeitura do Rio.Infelizmente, algumas mulheres e homens íntegros costumam dar férias para sua integridade durante campanhas eleitorais. Nessa hora, todo mundo vira leão e quer devorar o outro. Imagine um candidato admitir, antes do resultado final, que o adversário é um homem capaz. Por essas e outras é que a grande novidade desta eleição foi a votação expressiva de Gabeira, a despeito de todos os preconceitos que poderiam barrar a alavancagem de sua candidatura. Isso, por si só, já é uma vitória do Brasil – não só do Rio de Janeiro.
Se Gabeira ganhar, será a prova de que o brasileiro está votando de forma mais consciente e que cansou de ficar se lamentando em balcão de bar, repetindo a ladainha de que político é tudo igual.Se Gabeira ganhar, saberemos que existe uma parcela da população que não tem medo de quem possui uma mentalidade aberta e que está apostando em novos horizontes, em quem tem experiência não só política, mas de vida.
Se Gabeira ganhar, finalmente teremos em um cargo público um homem que conversa com o eleitor feito gente grande, dizendo exatamente o que pensa, em vez de apelar para discursos fleumáticos e repetitivos, entulhado de jargões.Se Gabeira ganhar, vai ser a recompensa merecida por ele ter peitado Severino Cavalcanti, dando nele um cala-boca que todos nós gostaríamos de ter dado na ocasião do “mensalinho”.
Se Gabeira ganhar, não será apenas o deputado federal que assumirá o cargo, mas também o escritor e jornalista que tantas vezes defendeu as liberdades individuais, os direitos humanos, as formas alternativas de viver em sociedade e que possui uma consciência ecológica que vem de muito antes disso virar moda.
Muitos políticos – inclusive Fogaça e Maria do Rosário, que disputarão o segundo turno aqui em Porto Alegre – já eliminaram a pose de super-heróis e a prosa característica dos “profissionais” do ramo, aqueles que dizem apenas o que o eleitor quer ouvir, sem compromisso com a viabilidade do que está sendo dito.
Mas Fernando Gabeira, pela projeção nacional que tem e pela cidade problemática que pretende governar, é o fato eleitoral de 2008. É interesse de todos que o Rio resolva suas dificuldades, e que a política brasileira espane a caretice e ganhe um perfil mais corajoso e cosmopolita. Se ele será um bom prefeito, caso vença? Não tenho bola de cristal. Mas ter superado a desconfiança diante da sua biografia incomum já é motivo para comemorarmos.
Retirado do Jornal Zero Hora, que circula na cidade de Porto Alegre, localizada a uns bons 1.500 km do Rio de Janeiro.
5 comentários:
Tá legal dona professora! "Se é pra mudar nós muda". Mas até que um padre ia bem, que nós estamos precisando é de um milagre, desde que, é claro não lhe desse na telha de voar pendurado em balões... vai se saber, né?
PITANGUEIRA CONVIDA! DOMINGO 19.
E boa noite beela (com sotaque paulista)
tou de camarote, Lóri.
não faço ideia de quem é Gabeira.
acredito que seja boa gente, e isso continua a ser um "handicap" na política.
gosto de te ver otimista, a acreditar na mudança.
bjs
Fernando Nagle Gabeira é um fato novo não só na política, mas na própria vida nacional, a partir de sua volta. Poderia dizer que ele é "zen", mas isso seria mero clichê, mutável como são os clichês. A serenidade desse jovem de 67 anos provém não dos "anos de experiência" ou de alguma prática transcendental de meditação, mas da coisa simples que é levar uma vida coerente, no dizer e no fazer. Não deveria ser, mas na nossa política, isso é algo novo, incomum. Sua reação - o elogio ao adversário - não é uma mera tática, mas a afirmação desse "novo", ao qual se referiu Lòri. Ou seja: o diálogo é possível, a decência é possível. parabens aos cariocas e boa sorte a todos!
LÒRI, vai ao Pitanga e entra no O Mar Me Quer. Divido contigo aquele presente. É lindo e combina com o clima.
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