domingo, 27 de abril de 2008

Do msn para a vida, ou seria o contrário?


C.S.: No livro é a terra da Dulcineia
Camille: ahhhhh
Camille: a Dulcineia q so existe nos sonhos e desejos dele
C.S.: sim, mas por isso mesmo vale bem a pena, a Dulcineia não existe mas é como se existisse
C.S.: quando estiveres a ler vais adorar
Camille: Angeles Mastretta - Maridos (é mexicana, mas tem um outro livro q li dela mt bom)
C.S.: vou anotar
Camille: eu imagino..o q me tem salvo a vida nos ultimos anos sao os livros
Camille: Emma Riverola - Cartas desde la ausencia - (guerra civil espanhola, romance epistolar, devorei entre madrid e rio)
C.S.: lês muitos romances?
Camille: tento...
Camille: Antonio Iturbe - Días de sal (ainda nao comecei)
C.S.: eu passo a vida a ler, gosto de fazer crítica literária como quem faz crochet
Camille: 1964, después de Cristo y antes de perder el autobús (algo que envolve Opus Dei e Franco dos ultimos anos)
C.S.: mas agora estou embrennhada no maneirismo e estou a adorar
Camille: ahahahhahahha eu bem vejo isso no blog....amei essa tua frase
C.S.: aliás encontro muito maneirismo nos nossos dias
Camille: vou colocar no meu blog, vou fazer o post para isso... para ti... para nós
Camille: o maneirismo é inerente às sociedades, nao foi só um e stilo de época... vi isso em algum lugar

Depois de alguns acontecimentos recentes, acho que deveríamos todos ser mais maneiristas, e mais sinceros e menos protegidos. Eu decidi recentemente que vou mandar às favas o zelo pela imagem construída. A vida parece curta ao olhar para os meus velhos e para os que ainda estão tentando ser felizes. Estou na bronca com a vida, mas a notícia boa é que já não me importo tanto com as datas e as promessas que não consegui cumprir. Assumo-me como um ser que tantas vezes não deu certo, mas que conseguiu dar certo com amigos e amigas. Finalmente cheguei no ponto de entender a frase do Ferreira Gullar, há tanto tempo decorada: Viver é estar no mundo, às vezes na tona, às vezes no fundo.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

25 de abril


Como o sangue, corremos dentro dos corpos no momento em que abismos os puxam e devoram. Atravessamos cada ramo das árvores interiores que crescem do peito e se estendem pelos braços, pelas pernas, pelos olhares. As raízes agarram-se ao coração e nós cobrimos cada dedo fino dessas raízes que se fecham e apertam e esmagam essa pedra de fogo. Como sangue, somos lágrimas. Como sangue, existimos dentro dos gestos. As palavras são, tantas vezes, feitas daquilo que significamos. E somos o vento, os caminhos do vento sobre os rostos. O vento dentro da escuridão como o único objecto que pode ser tocado. Debaixo da pele, envolvemos as memórias, as ideias, a esperança e o desencanto. (...) À noite, estendemos os braços para entregar uma bala, ou um frasco de veneno, ou uma lâmina, ou uma corda. À noite, tocamos em rostos. E sorrimos. O som de um tiro. O fogo dentro de um frasco de veneno. Sangue a secar na linha de uma lâmina. Uma corda esticada na noite. Morte fogo sangue morte.
José Luis Peixoto

Quanto sangue é/foi preciso para preencher o vermelho da bandeira? Sangue antigo, de Alcácer Quibir, do Cabo das Tormentas, de Ourique ou Aljubarrota; sangue novo, no Terreiro do Paço, na Guiné, em Angola, Moçambique ou em Timor.

Feliz mais um Abril!
A todos que o fizeram, aos que não o fizeram, aos que o desejaram, aos que não o desejaram, aos que ainda esperam.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Ovis aries

Pois é, achei que já não havia o que dizer no meio do trabalho, da dengue e do descaso. Ponho-me a passear, pois hoje decretei que era folga da companhia e que, ao chegar em casa, o máximo que faria seria um lanche, o resto já está feito e se não está, fica por fazer que não serei euzinha a tomar a iniciativa.

Pois, vamos ao passeio e encontro a Catarina. Ca-ta-ri-na... é mesmo nome de ovelha, não acham. Pois é. Lembrei-me que sou uma e que gosto de todas, embora meu pai quase me leve às lágrimas quando começa a lembrar como morrem as pobrezinhas, com lágrimas no cantinho dos olhos e sem um gemido. Mas eu sou das tresmalhadas, juro que não morro assim. Ai não, que eu não me calo. E aí, tou mais pra fama do carneiro e do signo. E das marradas. É o que dizem. Vai ver estão certos.

O fato é que por acaso, ou não, ultrapasso e muito os dedos das duas mãos se me ponho a contar qtos carneiros conheço. Quase me enchem a agenda inteira. Não dá muito jeito na hora de comprar presentes, mas que é divertido, lá isso é. Fica sempre aquela sensação de que, afinal, vivemos mesmo em bandos, ainda que metaforicamente, somos bons carneirinhos, de rebanho, ainda que aos berros. Sempre aos berros.


PS:Ovelha negra é um termo utilizado para classificar algo ou alguém como diferente, como fora dos padrões.

Como a grande maioria das ovelhas são brancas e claras, quando há uma alteração genética e nasce uma ovelha negra, ela é considerada absolutamente diferente das demais. Daí utilizou-se a regra para classificar os diferentes.