... Hoje estou naqueles dias. Só me faltava mesmo esta, depois de Brasília e de um sábado tolerável. Ao levantar pela terceira vez da cama, andar descalça pelo chão de madeira do quarto, pisar no ladrilho branco do meu banheiro azul e branco, olhar no espelho o cabelo todo desfeito, resolvi que valia a pena um post. Depois dos dois Tylenol e do café "petit noir bien serré" ver se ganhava cor de domingo. Depois, também, de um delicioso filme - tentativa vã de encontrar energia para o dia - visto pela terceira vez talvez, com a Binoche e o Jean Renno, que fala exatamente de homens e mulheres e de que a vida não vale mesmo grande coisa, exceto quando nós fazemos o nosso happy end - já que ninguém o fará por nós, resolvi falar do que me faz feliz, apesar de tudo que não é assim haut de gamme como diria o personagem masculino do dito filminho.
Vai aí:
Falar francês (é como uma segunda natureza e há dois ou três conceitos que se expressam tão bem nessa língua como: sans reproche, ah bon?!, c'est pas évident, tout à fait, je suis amoureux de vous).
Cheiro de café feito, mesmo às 6h da manhã, quando nada se mexe ainda em torno.
Café recém moído para um café a dois ainda de manhã.
Cuisine française traditionnelle (nada de nouvelle cuisine, mas a delicadeza dos perfumes verdadeiros e de uma salade niçoise bem feita).
A alegria do meu pai ao me ver e ao me ouvir contar novidades.
Cartão de um amigo querido que morava tão longe, na Africa do Sul, e que se mudou para Lisboa.
Tudo que eu guardei desse amigo querido, enviado via postal, mas detalhes tão pessoais que é quase em presença.
A primeira frase, no email de um outro que ainda mora em Berlim e que diz que nosso afeto é tão forte que resiste bem a umas semanas de silêncio pois já resistiu a 20 anos de ausência.
A voz de uma amiga ao telefone que mora no Porto e me perdoa as ausências todas e me fala sempre como se fosse ontem nossa última conversa sobre a essência da vida.
O olhar de uma ex-aluna que na sua defesa de mestrado diz que eu fui importante em suas escolhas.
Um amigo cujo cheiro eu nunca senti e que me manda livros seus apenas porque sim e que é um querido.
Um amigo que eu pouco vi mas com quem sinto uma ligação inexplicável e me fala de cinema e me oferece livros e críticas.
Mais alguns amigos que eu nunca vi mas que andam em torno, virtualmente, e me fazem sentir menos um número, mais um olhar.
Uma amiga que eu só vi uma vez, que escreve no blog dela que somos almas gêmeas, ela da rambóia, eu de tudo que não interessa pra ser feliz.
Escrever isto tudo a ouvir a Patricia Kaas que a Menina Sem Nome me ofereceu no ano passado, essa menina que está sempre a postos, seja em Aveiro quando eu precisava de um miminho e um café, seja em Berlim, para um trabalho em conjunto, à distância, só como pretexto de um novo encontro pra rirmos.
Ter recordações que são de muitos lugares mas cujo centro são sempre as pessoas, seja em Lisboa - Chiado, Restelo, CCB, Benfica, Fonte Luminosa, Rossio; em Aveiro - Galitos, UA, ....; em Évora, em Viana, em Coimbra, em Cacilhas, no Porto - na Foz, Boa Vista, Gondomar, Praça do Infante, Ribeira; no Marco; em Antuérpia, em Berlim, em Bruxelas, em Paris, no Rio, em São Paulo, e onde for meu olhar e meu coração.
Vai aí:
Falar francês (é como uma segunda natureza e há dois ou três conceitos que se expressam tão bem nessa língua como: sans reproche, ah bon?!, c'est pas évident, tout à fait, je suis amoureux de vous).
Cheiro de café feito, mesmo às 6h da manhã, quando nada se mexe ainda em torno.
Café recém moído para um café a dois ainda de manhã.
Cuisine française traditionnelle (nada de nouvelle cuisine, mas a delicadeza dos perfumes verdadeiros e de uma salade niçoise bem feita).
A alegria do meu pai ao me ver e ao me ouvir contar novidades.
Cartão de um amigo querido que morava tão longe, na Africa do Sul, e que se mudou para Lisboa.
Tudo que eu guardei desse amigo querido, enviado via postal, mas detalhes tão pessoais que é quase em presença.
A primeira frase, no email de um outro que ainda mora em Berlim e que diz que nosso afeto é tão forte que resiste bem a umas semanas de silêncio pois já resistiu a 20 anos de ausência.
A voz de uma amiga ao telefone que mora no Porto e me perdoa as ausências todas e me fala sempre como se fosse ontem nossa última conversa sobre a essência da vida.
O olhar de uma ex-aluna que na sua defesa de mestrado diz que eu fui importante em suas escolhas.
Um amigo cujo cheiro eu nunca senti e que me manda livros seus apenas porque sim e que é um querido.
Um amigo que eu pouco vi mas com quem sinto uma ligação inexplicável e me fala de cinema e me oferece livros e críticas.
Mais alguns amigos que eu nunca vi mas que andam em torno, virtualmente, e me fazem sentir menos um número, mais um olhar.
Uma amiga que eu só vi uma vez, que escreve no blog dela que somos almas gêmeas, ela da rambóia, eu de tudo que não interessa pra ser feliz.
Escrever isto tudo a ouvir a Patricia Kaas que a Menina Sem Nome me ofereceu no ano passado, essa menina que está sempre a postos, seja em Aveiro quando eu precisava de um miminho e um café, seja em Berlim, para um trabalho em conjunto, à distância, só como pretexto de um novo encontro pra rirmos.
Ter recordações que são de muitos lugares mas cujo centro são sempre as pessoas, seja em Lisboa - Chiado, Restelo, CCB, Benfica, Fonte Luminosa, Rossio; em Aveiro - Galitos, UA, ....; em Évora, em Viana, em Coimbra, em Cacilhas, no Porto - na Foz, Boa Vista, Gondomar, Praça do Infante, Ribeira; no Marco; em Antuérpia, em Berlim, em Bruxelas, em Paris, no Rio, em São Paulo, e onde for meu olhar e meu coração.
18 comentários:
É bom ter amigos, não é?
Eu tenho poucos, mas bons...
Abraço
Ida, assisti a esse filme outro dia na Net, totalmente por acaso, e achei divertido à beça.
Como no filme, em que duas pessoas totalmente diferentes se atraem e se completam, me intriga e fascina essa relação entre pessoas que vivem em mundos diversos, e que, na maioria das vezes, nem ao menos se conhecem, possam manter esse nível de afetividade que percebo em alguns blogues, e muito por aqui. Bom que seja assim, dá uma esperança...Beijinhos!
Como muito bem salientas, o centro do mundo são as pessoas (para o bem e para o mal...).
E depois há coisas que não se explicam sentem-se. Acho que dizem que é empatia (não deve ter a ver com empatados, de certeza...), Ida...
Beijos
Ooora aí está! Mais uma afinidade! A paixão pelo Francês. Não por um homem moreno de cabelos pretos e...com uma baguete debaixo de braço, mas sim da língua francesa. Só que o meu Francês já foi à vida faz tempo.Ficou lá atrás oculto por uma nuvem que mais parece catarata, mas o "je suis amoureux" ainda me encanta.
Já este teu relacionamento com o café merece uma terapia.
Quanto aos amigos, és como eu. São todos de longe, mas na ANTUÉRPIA? Tu abusas!
beijos da moça da rambóia.
Pois é, Rosa. Perto, bem perto, eu tenho poucos mas bons. Longe, o número aumenta bastante e com ele a certeza, já comprovada, de que eles são dos bons e que sempre posso contar com carinho, ajuda, sorrisos, mãos pras malas e braços para aconchego. É muito bom mesmo!
Olga, podes ter esperança, te garanto que não será falsa. Eu tenho já alguma experiência disto, os blogs são coisa recente, mas tenho bons amigos que se fizeram neste espaço que é, para muitos, o não espaço. Mas quem o assume como válido e não se mascara, tem sempre bons encontros garantidos.
O filme é dez, não é? Aqui ficou como "Jetlag", no original "Decallage horaire"... e eu recomento, tb.
Beijinhos!
Luís, querido, adorei isso "as pessoas são sempre o centro do mundo", tens absoluta razão. E são mesmo mais as coisas que não se explicam do que as que sim, entre pessoas. É bom que assim seja, embora, como dizes, para o bem e para o mal.
E terminei rindo basante da tua relação lexicológica... nem de longe a nossa empatia vai empatar ninguém! :)
Beijos!
Pois é Pit, quem diria! Mas eu lembro de um post teu sobre o francês e o rapaz do casaco vermelho. Ou foi na nossa conversa à beira chuva? Já misturo as experiências, tás a ver? Qto aos lugares, ai mulhere... haja café para contar os quilômetros que já percorri, concreta ou virtualmente. Em geral, em ambas as modalidades. E olha, Antuérpia é uma das cidades mais enctandoras que onde já estive, andei quase toda a pé, foram 3 semanas maravilhosas. Podes crer, a Bélgica junto com os Países Baixos recomendam-se!
Muitos beijos e saudades pra ti.
Olha, a Olga aceitou o convite de irmos à Cavé... agora é só marcar, mas deixa-me engrenar as aulas que começam amanhã.
Ah, mas um encontro a tres vai ser pra lá de bom! É conversa pra mais de metro. A Olga também sofre da nossa "doença de além mar"?
beijos corridos
o que é tylenol?
ai lori, espero que isto não seja um balanço de vida.... mas foi um balanço devido... adorei...
e um dia destes (diria que em um mês)ainda vais poder dizer que és a "tita lóri" de um bébé luso-berlinense...
Lori:
Comoveu-me este post pelos afectos relatados só possíveis pelo sentimento de partilha que está sempre presente na sua prosa.
Mas quase fui às lágrimas de emoção, quando no seu vasto mapa de amizades, leio o nome de Cacilhas (a dez minutos de onde escrevo) ao lado de cidades como Berlim, Antuérpia, Rio, São Paulo... Quando encontrar o presidente da junta dessa freguesia, vou-lhe contar que Cacilhas, de facto, anda nas bocas do mundo... pelos melhores motivos.
Sem outro assunto, despeço-me com estima e um beijo.
O escrivão Legível.
Pois, minha menina, tita, tia, tata, e eu nem sei o sexo do dito (ou da dita). Por isso aquele endereço sem graça "para o bébé"... pobre criança ainda a construir a sua identidade, sem interação possível, com a imagem das línguas já embaralhada... olha.. sabedeus o que se pode passar!!! :)
tylenol = paracetamol = benuron... só que mais forte, 750mg
Pois, tb gostei do balanço, acho q são os dias nublados... mas faltou muita coisa, por exemplo, latte machiatto, paozinho à entrada do Teatro Aveirense, ou Pendular pra Lisboa, ou o Lux!!! E o café-autocarro pra me salvar de mim mesma em tardes de domingo. Lembras?
Ó sinhorescrivão!!! Também não precisava zombar tanto assim... "quase fui às lágrimas" é de matar... mas fique sabendo que tive um amigo queridíssimo, vivia em Cacilhas, depois Corroios (que, aliás, tem um sítio web mt mais giro que Cacilhas, aproveita e diz isso tb ao pres da Junta!) e mais já não lembro que já lá vão uns 15 anos, e 12 que ele se foi, a tentar morrer de tédio condignamente com o Oscar Wilde, quem sabe.
Qto aos afetos, era falta de uma cadeira elétrica mais à mão... podia me dar pra pior, lá isso podia!
Beijos... e mantenha os dedos longe da guilhotina!
Pit, não faço idéia... acho q a olga é brasileira legítima, sem intervenções de know-how luso-ibérico. O café háde ser, esta semana, nem te conto, tá mais agitada do que eu podia prever... Bjs
Meninas, que doença é essa? Quero também!
Não queiras, Olga, não queiras.
... oba! Lóri!! tem algum satélite privado aqui pela margem sul do Tejo?! Se Cacilhas estava perto, Corroios é práticamente donde lhe escrevo!!
Também dou uma palavrinha a ele (ao presidente da junta de Corroios), fique descansada... que tirei o ´fim de semana que se avizinha para fazer uma tourné pelos edis cá do burgo.
beijos e sorrisos.
E eu que não sabia que os meus dons de vidência andavam tão ativos. Ultimamente só consigo (ante)ver quando a mulher a dias vai destruir aquela blusa linda que eu comprei caríssima e que me caía tão bem... ou seja, não cai mais, pois ela anda com o dom de detruir tudo que encontra pela frente e não lhe resiste à suavidade das mãos. Mas que a coincidênca é divertida, lá isso é. Só faltava também freqüentar o restaurante "A cabrinha" se já não me falha totalmente a memória.
Espero que o seu fim de semana seja a contento, o meu vai ser tudo de bom... ao som de muita bossa nova.
Beijos e sorrisos ensolarados de fim de verão.
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