sábado, 16 de fevereiro de 2008

Quando tínhamos

Desculpem, juro que não é o Valentine's. Mas em todo lugar por onde andei hoje, pensamentos desse tipo me fizeram viajar. Agora tem que ser. E porque o meu querido Guardador das Margens do Tejo anda também a esvaziar o baú da adolescência, e porque a Pit resolveu ir buscar cacau no túnel do tempo e porque eu, hoje à tarde, vi uma propaganda de um curso preparatório para as escolas militares e tinha lá escrito, bem grande, AFA, que era justamente onde estudava um delicioso e platônico amor de adolescência, que tocava violão divinamente, adorava os Beattles, e vinha pra junto de mim sempre que podia e tocava tão suave com aquelas mãos que eu nunca experimentei, juro, mas deveria. Eu sei.

Por todas essas coisas, eu tive que postar essa musiquinha abaixo. Essas letras tão simplórias, como simplórios somos todos nós quando andamos apaixonados pelo mais comum dos seres humanos e olhamos para ele, ou para ela, como se de um ser especialíssmo se tratasse. Como se trouxesse ouro, incenso e mirra a cada vez que se aproximasse de nós e como se sua figura emitisse uma luz e seu corpo exalasse um perfume que nos cegasse e nos inebriasse como só seriam capazes as mais raras substâncias.

E ao ver a propaganda que me levava a vinte anos de agora, não, mais, vinte e cinco anos para trás, no mínimo, talvez trinta, sei lá. Ao ver a tal propaganda, eu pensei em como somos outros quando acreditamos que temos pela frente todas as possibilidades e que várias delas se realizarão. Mas nós somos assim. Nós fomos. E outros serão depois de nós. Muitos foram, e outros estão sendo, mesmo agora. Basta ouvir um dos meus alunos, de uns 20 anos, vindo de outra cultura, nada latina, que vira e diz:

Isso acontece quando você está tão apaixonado por alguém, que você só pensa nessa pessoa, em mais nada além dela, e que essa pessoa é o mundo inteiro pra você, e que do lado de fora pode ser a terceira guerra mundial, mas pra você, o mundo só existe pela boca, pelos olhos e pelo movimento desse outro ser.


Foi isso que eu ouvi, há menos de um mês, em plena sala de aula, na universidade, de um jovem ruivo e sardento, vindo de Georgetown, com olhos cheios de sonho e paixão.

2 comentários:

Luis Eme disse...

Pois...

o amor (aliás a paixão...) dá-nos cabo da cabeça, Lóris...

Só andei completamente louco uma vez, por uma Cila, linda, que me fez fazer coisas pouco racionais (e já tinha vinte e dois anos...).

Na época, era quase capaz de subir o Evereste. Por isso é que digo que só andei completamente louco uma vez, ao ponto de fazer coisas pouco racionais...

Esta paixão funcionava quase como um jogo, porque a Cila, umas vezes dizia que sim, outras que não... e era isso que me deixava louco, não a ter por inteiro...

As coisas que me recordas, Lóri "Jane"...

Beijo com abraço

Pitanga Doce disse...

Acordar de madrugada só para pensar na pessoa amada e saber que ela é sua e faz o mesmo. Se isto não é o céu, então ele não existe, não.

beijos Lori e estou cheia e resposta para ti e o Odilon. Vai lá ver o que o homem escreveu no Tardes só Dela.(logo depois do teu coment)