domingo, 31 de agosto de 2008

Because the world will always welcome lovers...

... as time goes by.

Eu bem precisava de um break nesta minha bronca and he gave me a break. Thanks so much, Mr Movie.

Apesar de todas as broncas e de tudo que é tão mais ou menos, ou francamente dispensável, restam os passatempos de verão do meu querido Lauro Antonio e o seu final que é imbatível, de todos os filmes, de todos os affairs, de todos os tempos, Casablanca. Mas esse filme não seria esse filme, se não fosse Miss Bergman, imbatível, e se não fosse a voz de Blue Eyes e se não fosse esta canção. Para coroar um verão na casa do cinema, só podia ser isso. Então, minha humilde concordância com um post maravilhoso que está aqui.

You must remember this
A kiss is still a kiss
A sigh is still (just) a sigh
The fundamental things apply
As time goes by

And when two lovers woo
They still say: "i love you"
On that you can rely
No matter what the future brings
As time goes by

Moonlight and love songs - never out of date
Hearts full of passion - jealousy and hate
Woman needs man - and man must have his mate
That no one can deny

It’s still the same old story
A fight for love and glory
A case of do or die
The world will always welcome lovers
As time goes by

sábado, 30 de agosto de 2008

Espanto


Coisas que não consigo entender:

1. Polícia Federal falando em nome do presidente da república.
2. Crianças vítimas da violência materna ou paterna.
3. Tribunal de Justiça que favorece assassinos.
4. Meninas de cinco anos atiradas pela janela pelo pai.
5. Candidato a prefeito aliado a traficantes.
6. Bebê de três meses atirado pela janela.
7. Agricultores contra índios, índios contra brancos, brancos contra índios, índios contra índios.
8. Bebê de três meses incendiada pela mãe de dezoito.
9. Polícia paga pelo contribuinte que não protege o contribuinte.
10. Grávida de vinte e um anos morta com bala na cabeça em lan house.
11. Jovem de vinte anos morto por procurador de justiça no posto de gasolina.
12. Jovem de dezoito anos morto por policial na festa.
13. Bebê de um ano incendiada pela mãe de dezoito anos.


Além disso, não entendo a inveja entre amigos, o ódio em família, a mesquinhez entre humanos, as palavras não ditas, os abraços poupados, as ofensas distribuídas, o céu azul desperdiçado.

Foto de JP Coutinho tirada daqui.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Tristes trópicos... tristes???


"Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos."Churchill (1874-1965)



Há, realmente, coisas que só devem acontecer por aqui, nestes trópicos que o Strauss chamou de tristes, mas que, ao contrário, me fazem rir satisfeita e acreditar que, como o Churchil comentou sobre a democracia, este lugar também deve ser, entre todos os do planeta que não se parecem (ou, sim, parecem) com o paraíso, o pior lugar, salvo todos os outros.

Estava eu no já esperado, terrível e temível engarrafamento de sexta em fim de tarde na Lagoa. Tinha até me preparado para a prolongada espera dentro do bólido vermelho, comprei Prestígio e Suco de uva diet. Quando, a vida ou a cidade (pois eu sei que isso só é possível em poucos lugares e, de preferência, abaixo do Equador) me oferece um espetáculo digno de nota.

Eu, na pista da esquerda, observava o movimento dos ambulantes que oferecem, aos motoristas, pipoca pronta, biscoito Globo e refri ou água daquelas caixinhas de isopor. De repente, um deles, homem de uns trinta e poucos, com sacos de biscoito nos dois ombros, começa a gesticular enfaticamente na minha direção, chamando e indicando - de-ses-pe-ra-da-men-te - um outro ponto, à sua esquerda, e à minha direita, já que ele estava de frente para mim.

Eu olho e só vejo um ônibus parado na pista da direita. Logo a seguir, percebo, correndo pela calçada da esquerda, uma mulher bem jovem, com a caixinha de isopor sacolejando no quadril direito. Ela passa pelo meu carro, atravessa a rua e ultrapassa o ônibus. O motorista do dito, aflito, põe o braço pra fora (além do bigode que se vê claramente no seu perfil) e aponta para trás, a moça, um pouco confusa, tenta seguir-lhe o movimento. Finalmente, há mais alguém com a mão de fora da janela, bem no meio do ônibus, apontando para dentro do veículo. Lá dentro, em pé, uma jovem de cachos louros estica-se, com uma nota de dois reais na mão, em direção à janela de onde saía a tal mão que apontava para dentro.

A ambulante olha para trás a ver se não corre o risco de ser atropelada pelos apressados moto-boys com suas irritantes buzininhas ansiosas, aproxima-se da janela e, moto-contínuo, tira do isopor uma garrafinha de água mineral, segura a tampa da caixa, estica a garrafa e, ainda segurando-a, pega a nota da mão da menina que continuava esticada dentro do ônibus, por cima das orelhas dos dois passageiros sentados na sua direção.

Aqui, vem o melhor. Eu observava tudo e pensava: "é, aumentaram os refris dos ambulantes, antes era tudo um real". Nesse momento, a vendedora não se move do meio da rua, apenas dá uma espiada na direção de onde vêm as afamadas motos pelo meio das duas filas de veículos, e enfia a mão no bolso.

Tudo se esclareceu e a minha mente de analista sociológica de meia-tijela quase vai ao delírio quando eu compreendo que, não apenas o ônibus continuava parado, apesar de não haver mais nenhum carro à sua frente, parado que tinha ficado, aguardando a chegada da ambulante da caixinha de isopor, como ele continuava exatamente no mesmo ponto da rua, esperando que ela procurasse a moeda para dar troco a sua feliz e loira compradora.

Enquanto isso, nenhum movimento estranho dentro do ônibus, nenhum sinal visível de impaciência, seja da parte do motorista (ele próprio tinha sido a prestável criatura que indicara quem afinal queria comprar o precioso líquido), seja da parte dos outros passageiros, nem mesmo aqueles, por cima dos quais, a passageira tinha se esgueirado para entregar o dinheiro e recolher a garrafa.

Afinal, a vendedora conseguiu encontrar a moeda, fez sinal ao motorista, que a observava pelo espelho lateral externo, de "só mais um instantinho" e pediu ao passageiro da janela que fizesse a gentileza de entregar o troco à sua freguesa. Claro, esta última e polida conversa eu não posso assegurar que se tenha passado, mas que eu fiquei encantada com toda a situação, lá isso fiquei. E a ela assisti de camarote, já que a minha fila, ao contrário da fila onde se encontrava o ônibus, continuava totalmente congestionada e com os carros parados nos mesmos lugares há pelo menos uns 10 minutos. Isso me lembra uma outra história, verídica, vivenciada pela Menina sem nome, mas fica pra outra hora, ou ela mesma se encarrega de contar.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Descoberta


Finalmente descobri.....
















...COMO ME PESAR.

'Eu não consigo acreditar que estava fazendo errado todos esses anos. Tenho que avisar todo mundo!!!'

Se calhar é isso que andamos todos a fazer. Passamos os últimos anos fazendo errado algo: trabalhando na profissão errada, amando a pessoa errada, ouvindo as pessoas erradas, dormindo do lado errado da cama... sabe-se lá. Vai o aviso, quem sabe ajuda a sair da bronca.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Pour les déroutés

partilhar reflexões e mesmo emoções é uma possibilidade rara em tempos em que o individualismo grassa perigosamente, sugerindo uma paz enganosa.

Partilhar reflexões, partilhar emoções, será que ainda somos capazes dessa proeza ou a anestesia é um byproduct inevitável do individualismo epidêmico, ainda que esse individualismo refira-se a eu e a minha mulher e os meus filhos, ou eu e a minha família, ou eu e o meu time de futebol, ou eu e qualquer coisa que eu incorporo na minha visão especular que, apesar de ter outro nome, é apenas extensão do meu narcísico querer.

Disse-me o rapaz, senhor da História, que não. Ou que sim. Que é possível, que está sempre a fazer isso. Acredito em você, rapaz, tenho de me agarrar nessa sua linda e aprazível visão das relações para poder acordar de manhã e sair da cama. Anda difícil. Até mais do que quando lá fora não havia temperatura acima dos 9 Celsius.

Aqui, neste aprazível pedaço de paraíso, homens e mulheres andam de tal forma intocáveis, ou refratários, ou galvanizados, ou imunizados às emoções que eu tenho uma dificuldade imensa de olhá-los e a elas nos olhos. Até porque ninguém mais se olha nos olhos, ou então tem sempre algo que não é oferecível pois é consequência do tal individualismo e exige troco, estabelece, de antemão, moeda de troca e avaliação, quase sempre determinada por quem a exige e não negociada por ambas as partes interessadas na troca.

E a outra parte da tua frase, sugerindo uma paz enganosa. Acho que querias dizer uma apatia, pois a paz é bem vinda e viceja idéias e reflexão. O problema é que, para não nos chatearmos, preferimos chamar paz à apatia. Sim, porque no fim das contas, ser apático é o não-ser, no não-lugar e todos têm o seu lugar no mundo de hoje arrumadinho, divididinho, categorizadinho. Ninguém vai admitir que não sabe bem o seu lugar, que está perdido. Pois eu prefiro estar perdido. Faço uma plataforma pelos déroutés de todas as nações e tendências. Tenho a intuição de que não sobra quase ninguém se a maioria for sincera. Mas quem é que falou que ser sincero está na moda.

Voltemos ao nosso mundo individualzinho, arrumadinho, delimitadinho e cheiinho dessa paz enganosinha. Fica tão bonitinho na fotinha.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

As agendas

Pode alguém dizer-me pra que servem as agendas antigas. Aquelas que nunca jogamos fora, embora quando são abertas, por acaso, na necessidade de informação esquecida dos dias recentes, haja um amontoado de
Yuri 17-19h30;
Ligar Angela edredon
Notas fim de semana
marcar dedetização
Almoço Gigi aniversário lá em casa
Aniversário Ana Claudia Carioca da Gema
Entregar formulário do seguro
Aniv Jorge
Cortar cabelo
Niver gelo cerveja refri água copos bolo

Foi de trás pra frente (ou da frente pra trás que em questões de cronologia, a frente é o depois e o antes é o atrás, raisparta Chronos, mil vezes). Termina no dia do meu aniversário de quarenta anos e esse sim foi uma data importante. E sabem o que havia na agenda? Nem uma só palavra sobre o que senti.

Nem uma palavra sobre o prazer dos amigos em casa; sobre o espumante Freixenet que a minha amiga norueguesa, casada com o Harry escocês, trouxe para brindarmos; sobre o prazer das flores e da música e dos amigos todos convidados em cima da hora, nenhum faltou ao encontro.

Ou melhor, um faltou. Apenas um. O que me cortou o coração, pois pensei-me jogada de lado. Disse-lhe, depois, na época. Ele deu uma desculpa que não convencia nem as formigas que lhe rondavam os pés, junto à árvore onde paramos no Campus. Ele decididamente não estava convencido. E veio dar uma explicação semana passada, 5 anos depois. Explicação que me deixou parva, pois não explicou nada, só confirmou que eu não sou tão tonta quanto pareço que todo o flirt tinha uma razão e uma origem e que eu não flertava sozinha. Mas fiquei sozinha.

E afinal, pra que servem as agendas? Pra que guardamos agendas que não nos dizem nada que interesse? Pra nos lembrarmos daquilo que permanece tatuado na pele da alma e não necessita de agenda para existir ou ser lembrado, pior ser revivido em dor e na escuridão.

Pra que guardamos as agendas?

Deve ser pra ter certeza de que não sonhamos ou inventamos os acontecimentos. Por exemplo, se aquele telefone e a lista de compras lá estão, o resto todo não pode ser invenção do nosso desejo, embora os psis (de todas as vertentes) digam que assim é e que 90% das nossas memórias nada mais são do que criação espontânea do nosso mais íntimo e inconfessável desejo.

Ainda não sei pra que servem as agendas. Ou pra que guardamos agendas anos a fio. Mas morro de medo de jogá-las fora e não ter mais rastro de quando fui feliz, ou do quanto poderia ter sido.