sábado, 6 de dezembro de 2008

Sinterklaas


Hoje, 6 de dezembro, é dia do Nicolau, ou o outro nome do Papai Noel. Pois é, essa história de que ele chega na noite de 24 é pura conveniência para pais e comerciantes que, desse modo, têm quase o mês de Dezembro inteiro para vender e comprar bugigangas e afins de uma variedade quase ilimitada de formas e preços. A tradição vem da Europa do Norte, ou Central, ou de Espanha. Ou, acreditem vocês de onde quiserem.

A primeira vez que ouvi falar deste dia, foi anos atrás, na minha aula de alemão. Tinha uma professora jovem e divertida, de Munique, que levou chocolate pra nós, todos maiores de 18, e contou a história da tradição da terra dela. A coisa deve ter me impressionado tão bem que eu nunca me esqueci. E hoje, ao ver a data no relógio do computador, deu vontade de pensar em o que eu pediria ao bom velhinho se pudesse acreditar. Vamos lá.

Para o Nordeste do Brasil, eu pediria chuva em abundância, mas apenas o suficiente pra fazer o chão gretado se transformar num jardim verde e espalhar o cheiro de terra molhada pela vizinhança, e trazer brilho ao olhar e conforto aos viventes.

Para Santa Catarina, eu pediria um milagre completo, muito completo mesmo. A cada novo dia, surge uma nova modalidade de desgraça consequência das inundações recentes. Portanto, só mesmo um milagre dos bons e abrangente. O resto já estão fazendo os voluntários e a solidariedade inata dos seres humanos.

Para o meu vizinho, eu pediria tolerância com meu barulho de saltos no assoalho de manhã, com a água que pinga quando eu rego os vasos da varanda, com o vazamento que pode acontecer a qualquer hora, além disso, pediria um sorriso quando eu passar por ele/ela na garagem e solidariedade quando eu esquecer o controle da garagem.

Para a minha família, eu pediria o amor incondicional de sempre, a comida fresquinha que sai infalivelmente das panelas da minha mãe, o abraço do meu pai em caso de cano estourado, batida de carro, ou crise profissional.

Para os meus amigos, eu pediria carona à meia-noite em dia de chuva, viagens divertidas e inesperadas, socorro em caso de desespero ou de abandono repentino, e tempo para uma caipirinha em fim de tarde, nem que seja uma vez por ano.

Para o meu coração eu pediria abraços, gargalhadas, música alta, música lenta, música suave conforme o dia.

Para a minha alma eu pediria luz e paciência com a inquilina.

E você, vai pedir o quê?



4 comentários:

Joca disse...

Lòri:

Para a Humanidade geral - na qual me incluo, naturalmente! - eu pediria sensatez e que se desse conta de que o mundo não se resume aos shoppings centers (não é tudo que está a venda e existe coisas que nãotem preço).
O nordeste de meus pais e o sul dos avós de meus filhos não são "acidentes" naturais ou castigo divino: é fruto da insensatez humana!

E desejo que não se cumpra o terrível vaticinio de Saramago que disse numa entrevista aqui em Sampa "..que a humanidade não merece a vida, pois é a espécie que devastou o planeta."
Eu, teimoso, acredito na humanidade. Quem produz música e é capaz de escrever poesias; quem é capaz de chorar e de sorrir, merece a vida!

bjs

Luis Eme disse...

uma carona, mas não precisa de ser à meia-noite, a chuva não escolhe hora...

a bebida que espera também pode ser outra, sem ser caipirinha?

(falando a sério, gostava de ter mais vontade de criar, de sorrir mais vezes...)

bjs Lóri

Pitanga Doce disse...

Ainda não tive tempo para fazer a lista. Se foste lá em casa viste o que eu queria para hoje, mas só hoje. Será??

Olha, estou tão estranha que ao ler teu texto que mais parece " um fado corrido" em vez de:

"em caso de cano estourado, batida de carro, ou crise profissional".

li:

"em caso de cano estourado, batida de carro, ou crime passional.

Ó Lóri eu não ando bem, não!

Rosa dos Ventos disse...

J´ai adoré le poème!
O meu Natal está congelado, não sei se serei capaz de decorar a casa de outrora onde já regressei depois de 5 anos de ausência mais ou menos forçada.
As gatas estão a adaptar-se bem, mas dão tareias enormes ao Petrus, o gato residente, que aqui tem vivido como dono da casa...

Abraço