domingo, 7 de dezembro de 2008

Ainda o amor...

...or what some use to call love.

Já que a Telma mencionou. Eu estou aqui matutando sobre a correlação que ela fez entre "Vicky Cristina Barcelona" e este poema. Por via das dúvidas, segue o poema que eu conheço bem e já tinha até esquecido. Vou buscar os meus livre de poche do Prévert pra ver a vida sob outro ângulo.


Pour toi mon amour







Je suis allé au marché aux oiseaux
Et j'ai acheté des oiseaux
Pour toi
Mon amour
Je suis allé au marché aux fleurs
Et j'ai acheté des fleurs
Pour toi
Mon amour
Je suis allé au marché à la ferraille
Et j'ai acheté des chaînes
De lourdes chaînes
Pour toi
Mon amour
Et je suis allé au marché aux esclaves
Et je t'ai cherchée
Mais je ne t'ai pas trouvée
Mon amour

Jacques Prevert

6 comentários:

Lauro António disse...

O amor, as correntes, os escravos, a liberdade. Prévert!!! Os idos de 60. Era, e é, um dos meus poetas preferidos. Amor e liberdade é um tema muito curioso. E dos mais complexos da condição humana. Tanto pano para tantas mangas tão diferentes umas das outras.
Beijo com flores à la prévert!

Lóri disse...

Un peu de Prévert... é o título de uma canção de Kent, um cantor que deve estar fora de moda agora, mas que cai tão bem com o teu recado com flores. E sim, acho que os 60 foram o que de melhor houve nesse século cujo o cadáver ainda está morno. Foi a década que mudou o rumo de países, pessoas, do planeta. Para o bem e para o mal. Às vezes tenho pena de só ter nascido nessa década, às vezes tenho orgulho de ser, de certo modo, herdeira dos seus feitos. E já que estamos nisso, vai um pedacinho da canção:

Y'a des jours qui mettent en fuite
Et des jours qui font du Prévert...

Y'a des gens qui font des comptes
Et des gens qui font du Prévert.

Telma Pereira disse...

Também já não lembrava da canção...
Lembrei do poema ao ver o marido discutindo onde iam morar; na cena em que estão vendo uma gaiola (e ele mostra como não "...faire le portrait d'un oiseau"); nas pessoas que se acomodam em gaiolas, na liberdade que sinto ao andar de bicicleta, e por aí fui, desenrolando o meu novelo mental
Bjs

Lóri disse...

Que dez, Telma! É isso, tudo a ver. Vc nem imagina como aquelas cenas deles falando de casa e decoração mexiam comigo - no mau sentido.

Tenho q tirar o chapéu ao WA, foi genial a superposição do casal americano (sem crises, mas agonizante) e do casal espanhol/catalão (sempre em crise, mas vivo, ou melhor, latejante).

Bjs

PS: Adorei o desenrolar do seu "novelo mental"

Alberto Oliveira disse...

... ver a vida por outro ãngulo -pelo ângulo dos livros de bolso do Prevért, é bem capaz de ser uma óptima ideia para este dia invernal de chuva intensa e não menos frio. Não sei a que propósito (se do tempo, se dos mistérios da mente) lembrei-me de um filme - "Ma Nuit Chez Maud" ("A Minha Noite em Casa de Maud" o título em português) onde descobri Rohmer e J. L. Trintignant. Lembro-me que o filme foi estreado em finais de sessenta ou princípios de setenta e que na sala foram ficando meia-dúzia de resistentes. A noite acabou na casa de um dos meus amigos e o tema foi "o amor em França era muito mais complicado que em Portugal". Por aquela altura, aos idealistas tudo servia para discutir e as casas de cada um de nós eram mais seguras que os cafés ou pastelarias. Recordo-me , isso sim, ter afirmado que aquele era um filme "de Inverno", mas não me lembro como sustentei tal afirmação. Quatro ou cinco anos depois, chegava o 25 de Abril e só voltei a "reencontrar" Rohmer mais tarde. Tanto "havia a fazer" que o cinema tinha passado para plano quase secundário.

Do que me havia de lembrar...

Beijos e sorrisos pra você.

Lauro António disse...

Querida Lori: Acabei de receber (ontem) um cheirinho bom do Rio. È tão bom saber que, apesar de longe, também estás aqui! Seguiu igualmente um cheirinho de Lisboa, mas creio que não a tempo de Natal (mais para o Ano Novo, se tudo correr bem). Mas mesmo que não chegue por correio este cheirinho, há um outro que nunca saiu daí. Tu sabes como eu gosto do Rio, e como tu és encantadora (e pensar que tudo começou numa de "vampiros"!). Um beijo aqui destas bandas, meu e da MEC.