Como o sangue, corremos dentro dos corpos no momento em que abismos os puxam e devoram. Atravessamos cada ramo das árvores interiores que crescem do peito e se estendem pelos braços, pelas pernas, pelos olhares. As raízes agarram-se ao coração e nós cobrimos cada dedo fino dessas raízes que se fecham e apertam e esmagam essa pedra de fogo. Como sangue, somos lágrimas. Como sangue, existimos dentro dos gestos. As palavras são, tantas vezes, feitas daquilo que significamos. E somos o vento, os caminhos do vento sobre os rostos. O vento dentro da escuridão como o único objecto que pode ser tocado. Debaixo da pele, envolvemos as memórias, as ideias, a esperança e o desencanto. (...) À noite, estendemos os braços para entregar uma bala, ou um frasco de veneno, ou uma lâmina, ou uma corda. À noite, tocamos em rostos. E sorrimos. O som de um tiro. O fogo dentro de um frasco de veneno. Sangue a secar na linha de uma lâmina. Uma corda esticada na noite. Morte fogo sangue morte.
José Luis Peixoto
Quanto sangue é/foi preciso para preencher o vermelho da bandeira? Sangue antigo, de Alcácer Quibir, do Cabo das Tormentas, de Ourique ou Aljubarrota; sangue novo, no Terreiro do Paço, na Guiné, em Angola, Moçambique ou em Timor.
Feliz mais um Abril!
A todos que o fizeram, aos que não o fizeram, aos que o desejaram, aos que não o desejaram, aos que ainda esperam.
5 comentários:
Um beijo de Abril!
Olá Lóri,
Regressaste, ainda bem.
Beijinhos
Que maneira bonita de sentir Abril, desse lado do Atlântico, Lóri.
beijinho
Eu nunca consigo apanhar a nossa bandeira assim, esvoaçante!
Apanho-o sempre bem murchinha... :-((
Abraço
Querida Rosa,
Essa foi obra do nosso Guardador das Margens do Tejo. Ele é o bom fotógrafo, eu só fiz a solicitação! Bjs!
Postar um comentário