segunda-feira, 16 de junho de 2008

Somos nós e um pouco dos outros também


Ontem, comemoramos o aniversário de uma mulher que eu admiro muito. Ela nasceu cinco anos antes de mim, acompanha-me esse tempo todo, e tenho por ela um carinho que fica exposto a quem nos vê juntas. Os desconhecidos alternam-se entre "eu vi logo que eram irmãs" e "pensei que fossem amigas, mas amigonas daquelas". E nós somos ambas as coisas.

Por isso, e porque ela está radiante nos seus 50 anos, brindamos com espumante e adoçamos a tarde com bolo e sorrisos, para nunca esquecer que a vida tem sempre sempre momentos de doçura, alegria e amparo inesquecíveis e que nos outros momentos, os que são nem tanto, podemos sempre fazer subir bolhas de fantasia e deixar-nos embriagar de leve para fazer doer menos o inevitável.

Deixo aqui, então, um texto que recebi hoje e que fala de nós, mulheres, que nem sempre conseguimos nos despir como poderíamos, mas que certamente temos muito o que mostrar, apesar dos anos que carregamos na pele e no coração.

PS: A foto foi tirada, por mim, na semana passada.

Outro tipo de mulher nua

De Martha Medeiros


Nunca vi tanta mulher nua. Os sites da internet renovam semanalmente seu estoque de gatas vertiginosas. O que não falta é candidata para tirar a roupa. Serviu cafezinho numa cena de novela? Posa pelada. É prima de um jogador de basquete? Posa pelada. Caiu do terceiro andar? Posa pelada.

Depois da invenção do photoshop. Até a mais insignificante das criaturas vira uma deusa, basta dar uns retoquezinhos, aqui e ali. Dá uma grana boa. E o namorado apóia, o pai fica orgulhoso, a mãe acha um acontecimento, as amigas invejam, então pudor pra quê?

Não sei se os homens estão radiantes com essa multiplicação de peitos e bundas. Infelizes não devem estar, mas duvido que algo que se tornou tão banal ainda enfeitice os que têm mais de 14 anos.

Talvez a verdadeira excitação esteja, hoje, em ver uma mulher se despir de verdade - emocionalmente.

Nudez pode ter um significado diferente e muito mais intenso. É assistir a uma mulher desabotoar suas fantasias, suas dores, sua história. É erótico ver uma mulher que sorri, que chora, que vacila, que fica linda sendo sincera, que fica uma delícia sendo divertida, que deixa qualquer um maluco sendo inteligente. Uma mulher que diz o que pensa, o que sente e o que pretende, sem meias verdades, sem esconder seus pequenos defeitos - aliás, deveríamos nos orgulhar de nossas falhas, é o que nos torna humanas, e não bonecas de porcelana. Arrebatador é assistir ao desnudamento de uma mulher em quem sempre se poderá confiar, mesmo que vire ex, mesmo que saiba demais.

Pouco tempo atrás, posar nua ainda era uma excentricidade das artistas, lembro que esperava-se com ansiedade a revista que traria um ensaio de Dina Sfat, por exemplo - pra citar uma mulher que sempre teve mais o que mostrar além do próprio corpo. Mas agora não há mais charme nem suspense, estamos na era das mulheres coisificadas, que posam nuas porque consideram um degrau na carreira. Até é. Na maioria das vezes, rumo à decadência. Escadas servem para descer também.

Não é fácil tirar a roupa e ficar pendurada numa banca de jornal mas, difícil por difícil, também é complicado abrir mão de pudores verbais, expor nossos segredos e insanidades, revelar nosso interior. Mas é o que devemos continuar fazendo. Despir nossa alma e mostrar pra valer quem somos, o que trazemos por dentro. Não conheço strip-tease mais sedutor.

14 comentários:

Pitanga Doce disse...

No sábado também tive um aniversário de dar inveja "à cobertura".

O fato desta falta de roupa e de idéias assolar a mídia é que faz com que meninas de quinze anos fujam de casa e declarem (nos seus quinze ou mais minutos de fama para o Fantástico) que decidiram não viver mais com os pais e morarem as duas juntas (como amigas , é claro) e vivendo do quê? Ah, espera aí que logo estarão posando nuas!

Ih, mas não podem porque são "de menor". Mas podem dar entrevista para a Época e quem sabem esta entrevista será usada em trabalhos de aula?

Vamos continuar festejando os aniversários de mulheres que sabem ser mulher, enquanto se discute quem tem a bunda maior. A Melancia ou a Feiticeira.

Ai, meus sais!

Felicidades a irmã.

Luis Eme disse...

parabéns às maninhas queridas.

o texto diz muito deste tempo, da forma como banalizaram a nudez e até o próprio corpo da mulher...

Beijinho Lóri

Professor Texto disse...

"El amor es torbellino
De pureza original
Hasta el feroz animal
susurra su dulce trino
Detiene a los peregrinos
Libera a los prisioneros
El amor con sus esmeros
Al viejo lo vuelve niño
Y al malo sólo el cariño
Lo vuelve puro y sincero.
Se va enredando, enredando
Como en el muro la hiedra
Y va brotando, brotando
Como el musguito en la piedra
Como el musguito en la piedra
Ay, sí, sí, sí." (Milton Nascimento)

Joca disse...

esse blog tem um jeito diferente, perdoem-me o lugar comum. É como se estivessemos lado a lado, numa mesa de bar, virtual. Repleto de todas as imperfeições que o tornam tão humano.
isso leva-me a refletir sobre as musas e a nudez: até aqui me sentia como um lobo solitário (não posso falar da Estepe, pois por cá não existem "estepes" e sim morros. Em Sampa, então, são "murundús" e pelo litoral, "sambaquis", hehe!) pois nem nos tempos voluptosos da curiosidade juvenil tive ansias pelas chamadas "deusas" da playboy e congeneres; meu fascínio são as mulheres que pode-se chamar "comuns", o tipo entrevisto nas ruas, no metrô; Juliette Binoche, Ariane Ascaride. Como não se encantar com Charlote rampling em SOb a Areia, de Ozon? Aquilo, sim, é nudez que interessa, que nos diz algo além da carne!
Então, parabens à Pitanga Doce, a quem não conheço, mas, sendo irmã da Lóri, refefência melhor não há! E permaneçam para sempre belas, nos encantando - nós, pobres homens mortais

Rosa dos Ventos disse...

Parabéns à mana que é linda, deve ser de família! :-))
Mas a mana é a Pitanga Doce como diz o comentador acima?
Amigas já tinha percebido, mas irmãs...não!
Despirmo-nos emocionalmente, afectivamente, psicologicamente não é tarefa fácil, não é mesmo!

Abraço à Lóri

Lóri disse...

Rosa querida,

obrigada pelas tuas palavras. A Pitanga tb é linda e podia ser, mas não é minha irmã, vai é ficando uma boa amiga que encontrei por cá.

E sim, a banalizaçào da nudez ocorre em proporção inversa à capacidade das pessoas de se entregarem umas às outras no que têm de mais autêntico e de serem aceitas apesar e por causa disso.

ABraço pra ti, tb.

Alberto Oliveira disse...

... não deu para vir mais cedo e deixar os parabéns na hora a sua irmã e amiga. Embora atrasados, eles aqui ficam e, devo dizer, sem qualquer exagero, que além de muito bonita (e se por acaso não tivesse referido a idade) diria que era uma jovem de quarenta anos... não desfazendo, que a Lóri não lhe fica atrás em tais predicados.

Sobre a nudez feminina na net (e não só), essa é a forma mais acabada de "tapar" a falta de engenho e arte em editar algo de inteligente e de qualidade. É cómodo e tem cliente certo e que se pela... por moça pelada.

Um respeitoso beijo do

Escrivão Legível.

Lóri disse...

Joca, só vc mesmo! Já construiu a história toda e as personagens principais ainda não foram informadas.:))

Adorei teu comentário sobre o lobo do sambaqui!!! heehhehe... Que pela menção à estepe me lembra o Herman Hesse da minha adolescência. Ai gente, falando em escrever, vou ter de rever tudo, pois já está valendo o acordo e tenho que eliminar acentos e tremas... perdoem se falho.

Qto ao clima de bar, em outra casa que tive/tenho ainda para os íntimos, o clima parecia semelhante e isso me alegrava muito. Que bom que também achas.

A casa está aberta, só não confundas as aniversariantes! A Pitanga é de Outubro, se não me engano.

Lóri disse...

Pit e Luís,

Brigada pelos parabéns! Tenho de dar um jeito de mostrar tudo isto à minha maninha, ela que mal usa e-mail, vai ficar encantada com os frequentadores deste bar. (Viram? Já eliminei o trema, com pena, é verdade...)

Beijos

Lóri disse...

Senhor Escrivão!

Que prazer e que honra tê-lo nestas humildes cadeiras de palhinha antiga e mesas de mármore gasto. Mas os copos são de cristal da Bohêmia e a louça, ainda que desaparelhada, da melhor porcelana antiga, com direito a Vista Alegre fora de linha e imagem da chinesa no fundo da xícara.

Confesso que o orgulho pela irmã vai além da inveja dos elogios... descanse! E sempre me resta a esperança de chegar lá no mesmo estado, já não falta muito afinal.

Seja sempre bem vindo por aqui. O espumante acabou, mas sempre se arruma um conhaque velho e revistas onde não há peladas, mas alguma charge de qualidade ou, quem sabe, um sonzinho do Chico, na vitrola.

Beijos trêmulos, que os 15 graus q apontam os relógios da rua me fazem buscar uma camisolinha de lã fina para cobrir os bracinhos.

Joca disse...

Lóri, esse bendito "Lobo da Estepe" é leitura que sempre quis fazer e nunca consegui. talvez esses "acasos" sejam a calhar, pois, parece que os tempos atuais são do tipo em que os lobos cada vez mais se embrenham em sendas ignotas. Estranheza no/do mundo. Globalizado? ?
Por vezes é hostil o mundo, mas sempre é possível encontrar um bar onde se bebe em louvor à vida, ao humano...

Titá disse...

Embora atrasados, faça com que a irmã receba os parabéns por chegar tão bela e radiante a esta idade. Aliás, a irmã da irmã não fica atrás na beleza, em hipótese alguma...
Beijos para as duas, então.
Ah, e quanto à nudez despudorada dessas meninas nos dias de hoje, o que se pode esperar que elas mostrem, se outra coisa não têm, a não ser peitos e bundas???

Pitanga Doce disse...

Seguiu mail

beijos e bom fim de semana

inominável disse...

Parabéns Regina!!!!!!!!!!!!!!